O que é?

A estenose de uretra é um estreitamento de um segmento da uretra (canal urinário). Isso pode resultar em diminuição ou interrupção completa do fluxo de urina, além de várias outras complicações. A uretra é um canal (órgão tubular) por onde a urina flui para fora da bexiga. Em sua parte mais interna próxima da bexiga ela atravessa a próstata. Próximo a essa região existe o esfíncter urinário que é um musculo responsável pela continência. Qualquer região da uretra pode ser acometida, e a extensão do estreitamento pode variar de milímetros ou até toda sua extensão. Pode ocorrer desde a extremidade do pênis (meato uretral) até a parte mais interna próxima da bexiga (uretra prostática e colo vesical). Em geral ocorre um processo de cicatrização (fibrose), na região da estenose e no tecido que envolve o canal. Esse processo é muito mais frequente e complexo em homens pois apresentam a uretra mais longa.

Causas

As causas mais comuns de estenose de uretra são trauma e infecção, seguida de causas congênitas (alguns recém-nascidos apresentam estenoses desde o nascimento) e raramente o câncer (de próstata ou de bexiga). Existem vários mecanismos de trauma que podem levar a uma lesão na uretra e consequentemente a uma estenose. Os mais comuns são a fratura de bacia e a “queda a cavaleiro” (frequentes em acidentes de bicicleta ou moto que traumatizam a região do períneo). Alguns procedimentos médicos, com manipulação uretral, mesmo realizados de forma adequada podem levar a estenoses da uretra, tal como cirurgias de próstata, sondagens da uretra e radioterapia. Outra causa de estenoses são as uretrites causadas por doenças sexualmente transmissíveis como a Gonorreia e Clamídia. Essas infecções na uretra (uretrites), mesmo tratadas de forma adequada e curadas podem produzir estenoses devido a inflamação tecidual.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnostico em geral é feito levando em conta os sintomas que estão relacionados com a dificuldade de esvaziar a bexiga. Quanto aos sintomas o jato urinário fraco (fluxo urinário reduzido) geralmente é o primeiro sintoma. A dificuldade miccional é muito comum. Outros sintomas como esforço miccional, gotejamento ao final da micção (gotejamento terminal), hesitação para urinar (existe vontade de urinar mas demora para iniciar a micção), acordar à noite para urinar (nictúria), sensação de esvaziamento incompleto da bexiga apos micção, urgência para urinar (vontade intensa de urinar), urinar varias vezes ao dia (polaciúria).

Além da história dos sintomas e exame clinico, alguns exames radiológicos podem ser solicitados para avaliar o local e a extensão do estreitamento. Esses exames são importantes para a decisão e programação do tratamento.

Tratamento

A escolha da melhor opção de tratamento depende da localização e extensão da lesão. As alternativas de tratamento mais utilizadas são a dilatação uretral, a uretrotomia interna, e a cirurgia.

A dilatação uretral é um tipo de tratamento realizado de forma ambulatorial, onde a região estreitada é dilatada com o uso de sondas plásticas de calibre progressivo. Essa forma de tratamento tem o objetivo de tentar elastecer o tecido cicatricial da estenose para aumentar o diâmetro interno do canal da urina. Trata-se de um método com resultado controverso e altos índices de recidiva.

A uretrotomia interna é uma cirurgia endoscópica por dentro do canal da urina. É feito com anestesia, via ambulatorial ou com internação de 1 dia e tem rápida recuperação. Um tipo de aparelho endoscópico e introduzido até a região da estenose onde e realizado então a “abertura” (uretrotomia) da região da fibrose. Apesar da maioria dos pacientes melhorarem dos sintomas, somente cerca de 30% ficam definitivamente curados com essa alternativa de tratamento.

A cirurgia é chamada de uretroplastia aberta. É uma cirurgia reconstrutiva em que o segmento de uretra estenosado é retirado e as pontas da uretra (cotos uretrais) são novamente unidos por pontos de sutura. Existem vários tipos de técnicas diferentes. Em geral as uretroplastias tem uma maior taxa de sucesso.

Em alguns casos complexos em que outras alternativas de tratamento não surtiram efeito, ou quando as condições clinicas do paciente não permitem uma cirurgia de maior porte, pode-se empregar os stents uretrais que proporcionam um alivio imediato, no entanto com o passar do tempo a cicatriz pode progressivamente envolver o stent.