Endometriose do trato urinário

O que é?


A endometriose é uma doença que se caracteriza pela presenca de tecido semelhante ao endometrio fora do útero. Tipicamente ocorre na pelve, mas pode ocorrer em qualquer parte do corpo. As localizações mais frequentes são a superficie externa dos ovários, o peritonio (camada que reveste internamente a cavidade abdominal), o útero, as trompas, o intestino, a bexiga e os ureteres. A endometriose pode causar alteração da fertilidade, dor pélvica, sintomas urinários, e até não causar sintomas. Possui estágios diferentes de evolução podendo se apresentar de forma mínima, leve, moderada e grave. Além disso, a gravidade e os sintomas da endometriose tem relação com a frequência, quantidade e duração das menstruações.

 

A endometriose incide em 10% das mulheres entre 25 e 40 anos de idade. Apenas 1 a 2% dos casos de endometriose compromete o trato urinário. Na maioria das vezes ocorre o comprometimento da bexiga (80%) e dos ureteres (15%). Raramente ocorre comprometimento dos rins e da uretra.

 

O crescimento da endometriose depende de estímulo de estrogênio e de progesterona, que são produzidos pelos ovários em mulheres que menstruam. Nos últimos anos têm-se verificado um aumento da freqüência de endometriose. Esse aumento se deve às mudanças de hábitos femininos como aumento da idade da primeira gestação e maior intervalo entre as gestações, o que promove maior tempo de exposição ao estrogênio e maior freqüência de menstruações.

 

Causas


Assim, os fatores de risco para o desenvolvimento de endometriose incluem: ausência de gestações; ciclos menstruais curtos (menos de 27 dias) com fluxo prolongado (mais de 8 dias); história materna de endometriose (7% de chance); e obstrução parcial ou completa do fluxo menstrual (em casos de malformações uterinas por exemplo). As condições que diminuem a quantidade ou a freqüência de sangramento menstrual reduzem o risco de endometriose. Alguns exemplos são amenorréia (ausência de sangramento menstrual), gravidez e uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.

 

Sintomas


Os sintomas de endometriose na bexiga são pouco específicos, sendo muitas vezes confundido com as dores do período menstrual. O mais comum é dor na regiao pélvica próximo a bexiga e que piora com a menstruação. Relações sexuais dolorosas também podem estar presentes. Os sintomas urinários costumam acompanhar o quadro clínico como desconforto ao urinar, com urgência miccional (vontade intensa de urinar), urinar várias vezes ao dia (polaciuria) e presença de sangue na urina (especialmente durante a menstruação). Quando existe comprometimento dos ureteres (canais localizados entre o rim e a bexiga) pode ocorrer dor na região lombar.

 

Os exames de ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser solicitados para investigação. Um exame diagnóstico importante é a cistoscopia que permite visualizar o interior da bexiga e realizar biópsias em áreas com alteração. Os achados durante o exame de cistoscopia podem variar de acordo com as fases do ciclo menstrual, oque pode levar a necessidade da realização de mais de um exame de cistoscopia para o diagnóstico. A laparoscopia pode diagnosticar localizando as áreas com endometriose na bexiga, ureter, e outros orgãos, permitindo a realização de biópsias, e também a realização do tratameto cirúrgico com retirada dos nódulos, implantes e aderências causadas pela doença.

 

Tratamento


O tratamento da endometriose do trato urinário deve ser realizado com acompanhamento do ginecologista e do urologista. A escolha das alternativas terapêuticas disponíveis depende da idade da paciente, desejo de ter filhos, extensão e gravidade das lesões. O tratamento clínico é realizado com medicamentos como anti-inflamatórios para melhora da dor e a terapia hormonal que visa bloquear a produção do endométrio fora do útero. A cirurgia para retirada do nódulo de endometriose pode ser realizada por via convencional (cirurgia aberta), laparocópica e em alguns casos por via endoscópica (através do canal urinário). Algumas formas da endometriose preferencialmente devem ser tratadas com a combinação de terapêutica cirúrgica e clínica.

 

O tratamento da endometriose deve ser individualizado, considerando as evidências existentes em relação à eficácia das diferentes alternativas terapêuticas e as variáveis determinantes do sucesso terapêutico. O tratamento cirúrgico parece ser a terapia definitiva para as pacientes com sintomas exacerbados de dor. O objetivo final de todos os tratamentos é a promoção de uma melhora na qualidade de vida das mulheres com essa condição.

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Dr. Paulo Sajovic De Conti - Todos os Direitos Reservados 2018